Gal Costa
"A última Estrofe"

A noite estava assim enluarada
Quando a voz já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia
Ele em lágrimas dizia
Da saudade de um amor

Falava de um beijo apaixonado
De um amor desesperado
Que tão cedo teve fim
E desses gritos de tormento
Eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim

Lua, vinha perto a madrugada
Quando em ânsias minha amada
Nos meus braços desmaiou
E o beijo do pecado
O teu véu estrelejado
A luzir glorificou

Lua, hoje eu vivo tão sozinho
Ao relento, sem carinho
Na esperança mais atroz
De que cantando em noite linda
Esta ingrata volte ainda
Escutando minha voz

A estrofe derradeira, merencória
Revelava toda história
De um amor que não morreu
E a lua que rondava a natureza
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu

Cantor, que assim falas a lua
Minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu
Disse eu em ais convulsos
E ele então entre soluços
Toda estrofe repetiu
Lua
Vinha perto a madrugada...