Caetano Veloso
"Saudade brejeira"

Que saudade do meu alazão
Do berrante imitando o trovão
Da boiada debaixo do sol
Nos caminhos gerais do sertão.

Das estrelas na noite, luar
Capê-lobo na mata azul
Do arroz com pequi, do ingá
Dos amigos de fé da minha terra.

Minha terra de Ribeirão das Caldas
De olho-d'água, magia e procissão
De congadas, do meu chapéu de palha
Desse amor natural do coração.

Quando mãe traz notícias de lá
A vontade é voltar pra ficar
Me abençoa o céu de acauã
De ripina, pinhé no pé de serra.

Minha serra de ouro e dor dourada
Quanta tristeza nas tardes do sertão
Que a noite transforma em serenata
Cantoria que afasta a solidão.

O meu peito goiano é assim:
De saudade brejeira sem fim
Quando gosta ele diz que “trem bão”
Quanto canta a viola é paixão.